"Só uso a palavra para compor meus silêncios"

Manoel de Barros


Eu só tenho usado o silêncio para compor os meus gritos...


Este é pura e simplesmente um espaço na mídia para divulgar meus poemas, contos, crônicas e artigos de opinião, bem como dos meus mestres e mestras da Filosofia e ARTES de um modo geral. Amo ESCREVER, acima de todas as coisas, então faço desse espaço o meu "grito de alerta", sem maiores pretensões...mas sempre com muitas provocações, pois fazem-se necessárias para que não sigamos mansos a trilha da manada direto para o matadouro... Apesar de todas as decepções, eu AINDA creio e amo o ser humano, então vamos lutar todos juntos em UNICIDADE, AMOR E FRATERNIDADE.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O TEMPO BRINCA ...


O Meu rosto não é Meu.
O meu rosto pertence ao Tempo
Que é como uma criança levada
Insubordinada
Rebelde , curiosa
Pega os brinquedos
E os desmonta para ver do que são feitos
Ou se há alguma coisa lá dentro.
Assim, como uma criança audaz
Provocadora, subversiva

O tempo desforma os brinquedos.

Alguns sem legítima intenção
Apenas por acidente.
Outros, entretanto, é por puro deleite
Talvez o prazer de ouvir
O brinquedo trincar
Se esfacelar

“Eu não gostava dele mesmo...”

Ou simplesmente porque quer reinventar
Reciclar
Remodelar
Fazer algo inusitado
Absolutamente Seu;
Que ninguém possa ter outro igual ou parecido.

RUGAS SÃO ÚNICAS!

São como impressões digitais.

Observo muito a Velhice.
Talvez por temê-la
Talvez por idolatrá-la
E, por isso, atrevo-me a adivinhar

Nenhuma ruga em você é igual a de outra pessoa.

Cada um imprime sua personalidade às próprias rugas.

Há pessoas que esticam tanto as suas
que ficam com aquela cara de “Barbie Desbeiçada”
Mas as rugas continuam lá,
Só que esticadas..

E quanto mais se esticam as rugas
Mais se perde a identidade
Pois apega-se a uma ilusão de juventude
Como se o Ser desejasse ficar estagnado;
Almejando desesperadamente
Que o beija-flor
De súbito
Parasse de bater suas asas
E ficasse estático no ar
Sem cair
Zombando da Natureza.

Envelhecer com dignidade está cada vez mais raro.

Os rostos estão se tornando tão iguais
Parecendo recém-saídos da forma.

Quase sempre
Recebo algum email ridicularizando as rugas
Mostrando Brigitte Bardot antes e agora.

Ah, como considero ridículas essas pessoas!!!
Estão rindo delas mesmas
E fazendo-me admirar Brigitte ainda mais
Por dar ao Mundo da superficialidade
Mais essa lição de caráter,
Humildade, sensatez
E, sobretudo, dignidade.

Se é o “meu” rosto que queres
Pode tomar-lhe
É todo seu.

Imprima-o
Coloque na moldura
Mande embalsamá-lo
Para que exatamente assim
Seja eternamente seu.

O rosto que é o meu rosto
É aquele que o tempo me concede
A todo instante
O rosto que resiste às horas
Clama por sol, chuva
Ventania.

Um rosto sem artifícios, maquiagem,
Estética de tecnologia avançada.

O tempo gosta de brincar com ele com carinho.

Talvez seja porque também gosto de brincar com ele; o Tempo.

Somos bons companheiros de estripulias
Algazarras
Sinto que somos verdadeiros amigos
Não usamos máscaras.

Vai ver é por isso que ele cuide tão bem de mim
E eu ria tanto dele.

SOMOS DUAS CRIANÇAS DESAFORADAS!!!
Lou Albergaria in PESSOAS e ESQUINAS