"Só uso a palavra para compor meus silêncios"

Manoel de Barros


Eu só tenho usado o silêncio para compor os meus gritos...


Este é pura e simplesmente um espaço na mídia para divulgar meus poemas, contos, crônicas e artigos de opinião, bem como dos meus mestres e mestras da Filosofia e ARTES de um modo geral. Amo ESCREVER, acima de todas as coisas, então faço desse espaço o meu "grito de alerta", sem maiores pretensões...mas sempre com muitas provocações, pois fazem-se necessárias para que não sigamos mansos a trilha da manada direto para o matadouro... Apesar de todas as decepções, eu AINDA creio e amo o ser humano, então vamos lutar todos juntos em UNICIDADE, AMOR E FRATERNIDADE.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O POETA E O ABISMO...


Quando acordas no meu sonho,

perco o medo do abismo

Você desvela o Meu Mundo.

domingo, 22 de agosto de 2010

HORA ABSURDA



O TEU SILÊNCIO é uma nau com tôdas as velas pandas...
Brandas, as brisas brincam nas flâmulas, teu sorriso...
E o teu sorriso no teu silêncio é as escadas e as andas
Com que me finjo mais alto e ao pé de qualquer paraiso...

Meu coração é uma ânfora que cai e que se parte...
O teu silêncio recolhe-o e guarda-o, partido, a um canto...
Minha idéia de ti é um cadáver que o mar traz à praia..., e
entanto
Tu és a tela irreal em que erro em côr a minha arte...

Abre tôdas as portas e que o vento varra a idéia
Que temos de que um fumo perfuma de ócio os salões...
Minha alma é uma caverna enchida p'la maré cheia,
E a minha idéia de te sonhar uma caravana de histriões...

Chove ouro baço, mas não no lá-fora...É em mim...Sou a Hora,
E a Hora é de assombros e tôda ela escombros dela...
Na minha atenção há uma viúva pobre que nunca chora...
No meu céu interior nunca houve uma única estrela...

Hoje o céu é pesado como a idéia de nunca chegar a um pôrto...
A chuva miúda é vazia...A Hora sabe a ter sido...
Não haver qualquer coisa como leitos para as naus!...Absorto
Em se alhear de si, teu olhar é uma praga sem sentido...

Tôdas as minhas horas são feitas de jaspe negro,
Minhas ânsias tôdas talhadas num mármore que não há,
Não é alegria nem dor esta dor com que me alegro,
E a minha bondade inversa não é nem boa nem má...

Os feixes dos lictores abriram-se à beira dos caminhos...
Os pendões das vitórias medievais nem chegaram às cruzadas...
Puseram in-fólios úteis entre as pedras das barricadas...
E a erva cresceu nas vias férreas com viços daninhos...

Ah, como esta hora é velha!... E tôdas as naus partiram!
Na praia só um cabo morto e uns restos de vela falam
De longe, das horas do Sul, de onde os nossos sonhos tiram
Aquela angústia de sonhar mais que até para si calam...

O palácio está em ruínas... Dói ver no parque o abandono
Da fonte sem repuxo... Ninguém ergue o olhar da estrada
E sente saudade de si ante aquêle lugar-outono...
Esta paisagem é um manuscrito com a frase mais bela cortada...

A doida partiu todos os candelabros glabros,
Sujou de humano o lago com cartas rasgadas, muitas...
E a minha alma é aquela luz que não mais haverá nos
candelabros...
E que querem ao lago aziago minhas ânsias, brisas fortuitas?...

Por que me aflijo e me enfermo?...Deitam-se nuas ao luar
Tôdas as ninfas... Veio o sol e já tinham partido...
O teu silêncio que me embala é a idéia de naufragar,
E a idéia de a tua voz soar a lira dum Apolo fingido...

Já não há caudas de pavões tôdas olhos nos jardins de outrora...
As próprias sombras estão mais tristes...Ainda
Há rastros de vestes de aias (parece) no chão, e ainda chora
Um como que eco de passos pela alamêda que eis finda...

Todos os ocasos fundiram-se na minha alma...
As relvas de todos os prados foram frescas sob meus pés frios...
Secou em teu olhar a idéia de te julgares calma,
E eu ver isso em ti é um pôrto sem navios...

Ergueram-se a um tempo todos os remos...pelo ouro das searas
Passou uma saudade de não serem o mar...Em frente
Ao meu trono de alheamento há gestos com pedras raras...
Minha alma é uma lâmpada que se apagou e ainda está quente...

Ah, e o teu silêncio é um perfil de píncaro ao sol!
Tôdas as princesas sentiram o seio oprimido...
Da última janela do castelo só um girassol
Se vê, e o sonhar que há outros põe brumas no nosso sentido...

Sermos, e não sermos mais!... Ó leões nascidos na jaula!...
Repique de sinos para além, no Outro Vale... Perto?...
Arde o colégio e uma criança ficou fechada na aula...
Por que não há de ser o Norte e Sul?... O que está descoberto?...

E eu deliro... De repente pauso no que penso...Fito-te...
E o teu silêncio é uma cegueira minha...Fito-te e sonho...
Há coisas rubras e cobras no modo como medito-te,
E a tua idéia sabe à lembrança de um sabor de medonho...

Para que não ter por ti desprêzo? Por que não perdê-lo?...
Ah, deixa que eu te ignore...O teu silêncio é um leque ---
Um leque fechado, um leque que aberto seria tão belo, tão belo,
Mas mais belo é não o abrir, para que a Hora não peque...

Gelaram tôdas as mãos cruzadas sôbre todos os peitos....
Murcharam mais flôres do que as que havia no jardim...
O meu amar-te é uma catedral de silêncio eleitos,
E os meus sonhos uma escada sem princípio mas com fim...

Alguém vai entrar pela porta...Sente-se o ar sorrir...
Tecedeiras viúvas gozam as mortalhas de virgens que tecem...
Ah, o teu tédio é uma estátua de uma mulher que há de vir,
O perfume que os crisântemos teriam, se o tivessem...

É preciso destruir o propósito de tôdas as pontes,
Vestir de alheamento as paisagens de tôdas as terras,
Endireitar à fôrça a curva dos horizontes,
E gemer por ter de viver, como um ruído brusco de serras...

Há tão pouca gente que ame as paisagens que não existem!...
Saber que continuará a haver o mesmo mundo amanhã --- como

nos desalegra!...
Que o meu ouvir o teu silêncio não seja nuvens que atristem
O teu sorriso, anjo exilado, e o teu tédio, auréola negra...

Suave, como ter mãe e irmãs, a tarde rica desce...
Não chove já, e o vasto céu é um grande sorriso imperfeito...
A minha consciência de ter consciência de ti é uma prece,
E o meu saber-te a sorrir é uma flor murcha a meu peito...

Ah, se fôssemos duas figuras num longínquo vitral!...
Ah, se fôssemos as duas côres de uma bandeira de glória!...
Estátua acéfala posta a um canto, poeirenta pia batismal,
Pendão de vencidos tendo escrito ao centro êste lema --- Vitória!

O que é que me tortura?... Se até a tua face calma
Só me enche de tédios e de ópios de ócios medonhos...
Não sei...Eu sou um doido que estranha a sua própria alma...
Eu fui amado em efígie num país para além dos sonhos...

Fernando Pessoa

Ouvi esse poema declamado no blog da Maravilhosa Joyce Domingos do blog HORAS ABSURDAS (http://joycepretah.blogspot.com/) que hoje completa dois anos de blog.

PARABÉNS, LINDA MOÇA ENCANTADA!!! Aprendo muito contigo, sempre...

Esse poema veio a calhar hoje em minha história...em minha Hora Absurda de vida...

sábado, 21 de agosto de 2010

SEMPRE MEU MENINO...


Sim, quis ver você partir

se quebrar em mil pedaços

mil faces

para que eu pudesse recolher

uma a uma

acariciar junto ao meu colo

amalgamar com minha saliva

meu pouco pudor

nenhum pudor

mas não foi possível te ver partir

Não sem dor...

Então volta, Meu Menino

Te quero ainda mais

também agora por saber

a falta que você me faz.



Lou Albergaria querendo reabrir o ciclo

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

HOJE O POETA NÃO TEM SONHO PRA SONHAR...


Hoje eu sou a criança

que deixei o pirulito cair ao chão

sobre a areia e lama

sem cama

beijo nem doce, nem amargo

estalado, metafísico

molhado

baba morna

me adornando o juízo

prisioneira, refém

de quem eu sou

quando penso em você

no sonho que eu rabisco

quando te atiço

e do pesadelo em que acordo

quando você me dá um beliscão

as costas

e me diz: não!

Tuas letras olham-me

na hora do nada feito ainda

afastam-se

para que outra história

possa ser contada

nessa Saga dos Meninos.


Pelo menos, esta noite, eu não tenho motivo

para morrer por ninguém.


Você não é ave de rapina

mas me roubou quem eu sou, era,

quando sonhava você meu sonho...



Lou Albergaria fechando um ciclo hoje.

domingo, 15 de agosto de 2010

SABER-ME ÁRVORE...


NÃO SEI QUEM SOU.

MAS, SE SOUBESSE,
QUERIA SABER-ME ÁRVORE
TRONCOS RETORCIDOS
ABRIGAM MUITOS GALHOS E FOLHAS
FABRICA SEU PRÓPRIO ALIMENTO
PRECISA APENAS DA NATUREZA PARA EXISTIR.
ÁGUA, LUZ E TERRA...

NÃO PRECISA SER AMADA
COMPREENDIDA OU ACARINHADA
QUANDO PODADA VOLTA AINDA MAIS FORTE
REVIGORADA,

EXUBERANTE ABRIGO PARA OS NINHOS DOS PÁSSAROS

OFERECENDO SEUS FRUTOS AOS QUE TÊM FOME DE VIDA
OXIGÊNIO AOS QUE ESTÃO SEM AR, SEM LUGAR
SUFOCADOS, ESQUECIDOS DO QUE É AMAR
E SEREM AMADOS.
SER SOMBRA PARA OS QUE ESTÃO TÃO CANSADOS
DESABRIGADOS

INSANO CONFLITO
SER O QUE SOU OU O QUE ESPERAM QUE EU SEJA?

AH, EU DESISTO.

E O MELHOR DE SER ÁRVORE
É QUE ATÉ OS EXCREMENTOS DO MUNDO
AINDA LHE SERVEM DE ALIMENTO.

Lou Albergaria in

O COGUMELO QUE NASCE NA BOSTA DA VACA PROFANA

sábado, 14 de agosto de 2010

SOY UNA PUTA DE MERDA?!!!


E O QUE TENS COM ISTO, TCHÊ?!!!



"...Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha ( puta), maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára..." CAZUZA

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O TEMPO BRINCA ...


O Meu rosto não é Meu.
O meu rosto pertence ao Tempo
Que é como uma criança levada
Insubordinada
Rebelde , curiosa
Pega os brinquedos
E os desmonta para ver do que são feitos
Ou se há alguma coisa lá dentro.
Assim, como uma criança audaz
Provocadora, subversiva

O tempo desforma os brinquedos.

Alguns sem legítima intenção
Apenas por acidente.
Outros, entretanto, é por puro deleite
Talvez o prazer de ouvir
O brinquedo trincar
Se esfacelar

“Eu não gostava dele mesmo...”

Ou simplesmente porque quer reinventar
Reciclar
Remodelar
Fazer algo inusitado
Absolutamente Seu;
Que ninguém possa ter outro igual ou parecido.

RUGAS SÃO ÚNICAS!

São como impressões digitais.

Observo muito a Velhice.
Talvez por temê-la
Talvez por idolatrá-la
E, por isso, atrevo-me a adivinhar

Nenhuma ruga em você é igual a de outra pessoa.

Cada um imprime sua personalidade às próprias rugas.

Há pessoas que esticam tanto as suas
que ficam com aquela cara de “Barbie Desbeiçada”
Mas as rugas continuam lá,
Só que esticadas..

E quanto mais se esticam as rugas
Mais se perde a identidade
Pois apega-se a uma ilusão de juventude
Como se o Ser desejasse ficar estagnado;
Almejando desesperadamente
Que o beija-flor
De súbito
Parasse de bater suas asas
E ficasse estático no ar
Sem cair
Zombando da Natureza.

Envelhecer com dignidade está cada vez mais raro.

Os rostos estão se tornando tão iguais
Parecendo recém-saídos da forma.

Quase sempre
Recebo algum email ridicularizando as rugas
Mostrando Brigitte Bardot antes e agora.

Ah, como considero ridículas essas pessoas!!!
Estão rindo delas mesmas
E fazendo-me admirar Brigitte ainda mais
Por dar ao Mundo da superficialidade
Mais essa lição de caráter,
Humildade, sensatez
E, sobretudo, dignidade.

Se é o “meu” rosto que queres
Pode tomar-lhe
É todo seu.

Imprima-o
Coloque na moldura
Mande embalsamá-lo
Para que exatamente assim
Seja eternamente seu.

O rosto que é o meu rosto
É aquele que o tempo me concede
A todo instante
O rosto que resiste às horas
Clama por sol, chuva
Ventania.

Um rosto sem artifícios, maquiagem,
Estética de tecnologia avançada.

O tempo gosta de brincar com ele com carinho.

Talvez seja porque também gosto de brincar com ele; o Tempo.

Somos bons companheiros de estripulias
Algazarras
Sinto que somos verdadeiros amigos
Não usamos máscaras.

Vai ver é por isso que ele cuide tão bem de mim
E eu ria tanto dele.

SOMOS DUAS CRIANÇAS DESAFORADAS!!!
Lou Albergaria in PESSOAS e ESQUINAS

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

OLHOS & VERSOS


Tua poesia de Olhos & Versos

encantam

seduzem

Montanhas e Dunas atravesso

Mergulho nesse Teu Mar

Do Ceará

para poder ler-te

mais de perto

ir além das entrelinhas

...uma longa viagem

que me liberta.

Poeta triste

é feito sêmen que não fecunda

caído ao chão:

faz nascer diabos

em forma de versos

Letras de canção;

Ou viram estrelas, nuvens

no Céu Aberto de tua boca

que neste instante

Só me deixa Muda.


Para o lindo amigo escritor e poeta muito querido do Ceará


Poema feito para o FÁBRICA DE LETRAS - Desafio de Agosto/2010

"...uma longa viagem." Entrem no link do título para lerem mais textos e poesias com esse tema de outros autores.

domingo, 8 de agosto de 2010

O TEMOR DO aMOR


O aMOR ME TEME

METO ENTÃO A TREMA

TORNO-ME OBSOLETA

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Verso Para Amar...


Penso em você
rabisco inebriada
um sonho



Tela: Vino Morais

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O POETA NÃO DORME


O Sonho me acorda
do pesadelo dessa realidade
na qual eu não durmo.

Por que os poetas não dormem?

Acaso será o medo
de não lembrar o verso?

Mas e quando o verso se esquece dele?

É quando a vida não lembra mais Nada...
Nem de ti.

***


Não busco fama nem glória, apenas não quero Morrer antes da hora marcada. Engana-se quem pensa que me exibo no picadeiro para aparecer de forma narcisista. Não se escolhe derramar versos, simplesmente acontece...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A Perfect Circle - The Outsider (live)


O Forasteiro


Ajude-me se você puder
E, este não é o jeito
pelo qual estou ligado
Você poderia por favor,
Ajudar-me a entender por que
Você se entrega a todos esses
Desejos sombrios e irresponsáveis

Você está mentindo para si mesma de novo
Estúpida suicida
Pense um pouco, coloque as coisas às claras
O que vai ser necessário para vossa preciosidade
se tocar e atravessar isso.
Por que você quer jogar Isso fora dessa forma?
Tamanha bagunça.
Eu não quero ficar vendo você...

Desconecte e auto-destrua
uma bala por vez
Qual a sua pressa agora,
todo mundo terá o seu dia de morrer

Medicada,
rainha do drama,
cena perfeita, hostilidade vazia
Narcisista,
rainha do drama,
procurando a fama e toda sua decadência

Passando através de seus dentes
Estúpida suicida
Pense um pouco, coloque as coisas às claras
O que vai ser necessário para vossa preciosidade
se tocar e atravessar isso.
Por que você quer jogar isso fora dessa forma?
Tamanha bagunça.
Eu não vou ficar vendo você...

Desconecte e auto-destrua
uma bala por vez
Qual a sua pressa agora,
todo mundo terá o seu dia de morrer

Eles estavam certos sobre você...
Eles estavam certos sobre você...

Mentindo para mim novamente
Estúpida suicida
Pense um pouco, coloque as coisas às claras
O que vai ser necessário para vossa preciosidade
se tocar e atravessar isso.
Por que você quer jogar isso fora dessa forma?
Tamanha bagunça,
chegou a esse ponto, chegou a esse ponto...

Desconecte e auto-destrua
Uma bala por vez
Qual a sua pressa agora,
todo mundo terá o seu dia de morrer

Se você escolher apertar o gatilho, talvez seu
Drama se prove verdadeiro
Faça isso bem longe daqui...

domingo, 1 de agosto de 2010

El Niño...


No nosso Ninho

O Amor Espera

A Hora de Me Parir