
Os olhares perpassam
a silhueta nua
Seguram pelas ancas
ora vigorosos
ora lentos
O Corpo vibra
trepida,sente...
Espasmo sem ninho
Concha inócua
Não acalenta
nem o primeiro som
Origem dos Mundos.
Quando só o corpo é preenchido
logo fica vago
a fome permanece
Nada sacia...
Continua vagando
por ruas escuras
escondido
em horas vazias de lua.
O Corpo que é sobretudo volúpia
parece esqueleto sem medula.
Perde talvez sua condição mais nobre:
ser o abrigo de uma alma que não flutua.
Só; desdenhosamente ela adormece,
tendo o corpo apenas por moldura.
Lou Albergaria