Quando Tom Hanks disparou a correr no filme Forrest Gump porque se sentia tão triste e desesperançado logo após uma decepção amorosa e, ao longo do percurso, foi arregimentando pessoas que começaram a acompanhá-lo sem nem ao menos saber o porquê. Apenas seguiam seu instinto, seu impulso, o desejo de quebrar a rotina, quebrar o tudo sempre igual.
E quanto mais corria e atravessava um estado inteiro, ele que sempre fora tão só toda sua vida, começou a atrair pessoas para junto de si.
Em minha opinião, um dos melhores filmes do Tom Hancks, pois trata da fragilidade humana e de como somos miseravelmente condenados, muitas vezes, por nós mesmos a viver uma vida miserável (emocionalmente falando) por um mecanismo de auto-punição e auto-penitência, que na maioria das vezes nos mutila e paralisa.
O nosso potencial humano e intelectual poderia fazer-nos disparar em conquistas e sucesso, mas algo inexplicável nos freia, nos poda; funciona como um muro ao qual não conseguimos transpor.
Particularmente, sou fascinada por este personagem, Forrest Gump, pois ele é absolutamente genial, com um elevadíssimo potencial de inteligência e sensibilidade, mas faz coisas consideradas tão imbecis no cotidiano, que as pessoas infinitamente menos inteligentes e geniais do que ele o tratam como um boçal, pois sempre que aparece a oportunidade em sua vida de disparar e avançar por sobre o muro, "acontece" algo que o retrai, tolhe seu potencial e ele, como de costume, deixa escapar o instante do vôo e torna-se um refém do muro e, pior, de si mesmo, quando o medo de fracassar apresenta-se mais forte que a vontade de superação; o medo de se mostrar "um idiota" perante à sociedade acaba fazendo com que ele acredite que é esse idiota. Então, nesse momento do filme, começa a agir deliberadamente como um, se auto-sabotando o tempo inteiro, consciente ou inconscientemente.
Quantas e quantas vezes também não nos auto-punimos dessa forma tão deplorável ao agir não como verdadeiramente somos, mas como pensam e acreditam que somos?
Consideram-nos idiotas, malandros, preguiçosos, arrogantes, sem o menor talento para coisa alguma, então vamos nos enquadrar, vamos introjetar isso; não podemos de forma alguma surpreendê-los, ir contra às expectativas que possuem acerca de nós. E nem mesmo conseguimos mostrar a nós mesmos que podemos nos surpreender, fazer algo inusitado, fora do que estamos tão acostumados a viver (ou não viver).
Viver faz disparar a Alma! Ou é o oposto? Quando sentimos nossa alma, aí é que conseguimos fazer nossa vida disparar para o sentido do que verdadeiramente SOMOS e, mesmo contrariando todas as expectativas, aprendemos e constatamos que nossa "caixa de chocolates" está repleta de infinitas e saborosas possibilidades e, não, VAZIA de nós mesmos.
Dê uma chance a você! Tente abrir a sua "caixa de chocolates", pelo menos para ver o que pode encontrar lá dentro. Não acredite logo de cara no que lhe dizem desde quando nasceu.
Olha que você pode se surpreender. E muito! Afinal de contas, como dizia Forrest: "a vida é como uma caixa de chocolates, você nunca sabe o que vai encontrar..."
Texto elaborado especialmente para o FÁBRICA DE LETRAS para o DESAFIO de JULHO/2010. Cliquem no link do título para apreciarem os demais textos e poesias com o tema DISPAROU.