Hoje eu sou a criança
que deixei o pirulito cair ao chão
sobre a areia e lama
sem cama
beijo nem doce, nem amargo
estalado, metafísico
molhado
baba morna
me adornando o juízo
prisioneira, refém
de quem eu sou
quando penso em você
no sonho que eu rabisco
quando te atiço
e do pesadelo em que acordo
quando você me dá um beliscão
as costas
e me diz: não!
Tuas letras olham-me
na hora do nada feito ainda
afastam-se
para que outra história
possa ser contada
nessa Saga dos Meninos.
Pelo menos, esta noite, eu não tenho motivo
para morrer por ninguém.
Você não é ave de rapina
mas me roubou quem eu sou, era,
quando sonhava você meu sonho...
Lou Albergaria fechando um ciclo hoje.